Há dias ele fica ali, cismando, frente ao seu amigo. Há dias Severino não come. Está amuado, encorujado, quieto num canto. Pega com cuidado, conversa, pede: - come, Severino. Severino pouco levanta os olhos, não faz conta, não se mexe. E meu menino ali. Deita, levanta. Anda cá. Anda lá. E então volta a ficar com seu Severino. Vai espiar se ele já comeu, e nada. Não comeu nada. E vem meu menino, com seus olhos tristonhos de pedir colo. Compra vitamina, dá comida na boca, bebe um pouco mais de água. Ouve um piar. “Olha lá... vai melhorar. Não vai?”. Vai, meu amor, vai sim; sossega! Mas Severino, sabiamente, esperou que descansasse o menino, para só então, ele mesmo, poder descansar. Foi bater suas asas bem mais alto do que nossos olhos podem alcançar.
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Severino, nosso chico-preto, morreu...
na vitrola: Passarim - Tom Jobim